segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Fim do Elo

Meu apartamento: antigo palco de acontecimentos apoteoticamente íntimos. Instantes cheios de vidas articuladas, falatórios irrefreáveis, conversas intermináveis. Tudo isto já é uma lembrança remota, passado. E como tudo que é passado, faz bem ser relembrado de vez em quando – assim mesmo, só por lembrar – tragar a nostalgia para dar sabor completo à vida. Na manhã, o perfume típico da cidade grande: o monóxido de carbono entrando pela janela aberta preenchendo delicadamente o pulmão, como se fosse mesmo um tipo de néctar olfativo que nos apresentasse o início da vida na metrópole com seus carros ensurdecedores e sua agitação incansável.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Lapa Afetiva, Choro e Indagações

É uma temporada triste, esse início de dezembro.Triste porque o tempo corre desenfreadamente e logo as plantas de meus pés estarão tocando outras ruas que não essas ao qual conheço todos os segredos. Ando inquieto diante de minha ausência que logo será sentida por aqueles que amo – ou que eu acho que será sentida. E, no meio de todas as vozes confessando o quanto eu lhes sou importante e marquei suas vidas, os rostos transmutando sorriso em lábios trancados, a dúvida sobre o que ela sente ainda paira sobre minha cabeça como nuvens cinzentas antes da tempestade.

Naquele dia de trabalho, não fiz mais que revisar alguns pequenos textos falhos, redigir alguns artigos simples e beber um pouco de cerveja cedida pelo chefe da redação. O calor estava insuportável. Para piorar, o ar-condicionado mais potente do escritório havia quebrado. Comprar as bebidas foi uma forma de acalmar os ânimos e nos deixar um tanto quanto relaxados já que, além de tudo isso, ainda existia a preocupação com a segurança por conta dos últimos acontecimentos no Rio de Janeiro.